História Geológica
Era Atlantiânica

CONTINUAÇÃO

Movimentos Horizontais

Chegamos a um ponto importante da História Geológica, quando tem início os movimentos tangenciais no globo. Ficará evidente o comportamento interno da estrutura da Terra pelas respostas ou consequências em superfície.

A grande explosão verificada a partir do núcleo do globo propagou-se em direções diversas ao se afastar do núcleo, atingindo a base da litosfera, estilhaçando-a, desenhando uma nova geografia na superfície. Essa movimentação do magma, para cima, ou seja, na direção do exterior, chamamos de movimento positivo ou ramos ascendentes de alta energia que iniciam o atual ciclo de células convectivas. Ao impulso de um ramo de alta energia corresponde ou determina a descida do material de menor energia, para baixo, na direção do núcleo, onde o magma se recarrega de energia, dando prosseguimento ao ciclo. Dessa maneira, a um ramo ascendente há um correspondente ramo descendente formando um ciclo completo. Esse mecanismo gera a movimentação do magma interior e as correntes convectivas atuais no magma do manto, e desenharam a nova geografia na superfície do globo.

Sendo a movimentação das células feita dentro de uma esfera, as células convectivas se afetam mutuamente, gerando na superfície da Terra uma diversidade de linhas de contato, o que possibilita seu mapeamento. Essas linhas representam na superfície do globo o contato entre duas células de convecção com movimentos positivos, isto é, de dentro para fora, e formam os “rifts”, onde se renovam as rochas dos fundos oceânicos e cujo melhor exemplo é o “rift” atlântico. Neste trabalho vamos nos referir especificamente ao “rift” Atlântico, no ponto onde ocorre a Bacia do Recôncavo: 13º S 38º 30’W.

A figura dos movimentos convectivos positivos e negativos, no manto terrestre, deixa evidente suas consequências na superfície. Sobre o ramo ascendente forma-se nova superfície do planeta, montanhas basálticas, simultâneas com terremotos e vulcanismo, e sobre os descendentes formam-se bacias e abismos, com destruição da litosfera, proporcional à superfície formada no “rift”, acompanhados de terremotos e vulcanismo.

Tectonicamente, só existem dois tipos de áreas na superfície do globo:

1. Sismicamente ativas e
2. Sismicamente passivas.

Ter em mente que o globo tem massa única. Seu volume e área da superfície não se alteram com os fenômenos que acontecem em qualquer parte da sua massa, e que a explosão da energia se faz em todas as direções a partir do núcleo-motor, donde se conclui que a geografia atual foi formada de uma vez só, tendendo a fixar-se em uma posição final, até uma próxima explosão de energia em futuro remoto  imprevisível, e sem qualquer importância para os humanos.

Na figura do corte aparecem sob a América do Sul dois ramos ascendentes e um descendente. Os ramos ascendentes ficam situados: o primeiro sob o “riftAtlântico; o segundo sob o “rift” de Nazca. O terceiro ramo, descendente, situado sob a Cordilheira dos Andes

Dentro do globo, ramos ascendentes de energia originados no núcleo atingem a base da litosfera de maneira aleatória estilhaçando-a e, em seguida, passa a movimentá-la na superfície da Terra.

Ter em conta que o impulso inicial do giro das células convectivas iniciado no Período Zetaiano continua, até hoje, girando na mesma direção, tendendo a um ponto de nova quiescência, em um futuro imprevisível, falado anteriormente.

Para ilustrar as etapas da movimentação continental, desde o lugar original da fragmentação até o ponto atual da nova geografia, vejamos a figura dos movimentos radiais e tangenciais. No extremo leste temos:

1. O momento da explosão da energia;
2. O levantamento da borda leste de Alpha;
3. O surgimento da Falha de Salvador;
4. A estruturação da Bacia do Recôncavo;
5. A criação da rampa na superfície do subcontinente americano do sul;responsável pelo tsunami gigante que exterminou os dinossauros e grande parte dos animais e florestas ate então existentes.
6. A chegada dos primeiros sedimentos às praias, a oeste, onde se inicia a estruturação da Formação Theta sobre os sedimentos da Formação Delta, anteriormente depositada;
7. O início da movimentação do subcontinente da América do Sul para uma nova posição geográfica;
8. Inicia-se o salgamento de Pantalassa.

Observar ainda na figura dos movimentos radiais e tangenciais que, acima do ramo descendente colocamos montanhas e ao redor delas superfícies planas, representando o fundo basáltico do mar inicial, porque esses basaltos foram produtos apenas do resfriamento, sem estruturas montanhosas.

As montanhas acima mencionadas se formaram no mesmo momento em que começam a se afastar os subcontinentes. Em alguma parte do que será conhecido como Oceano Pacífico formam-se imediatamente montanhas do primitivo leito de Pantalassa, e nesse mesmo lugar aquelas rochas começam a desaparecer dentro do globo, voltando ao seu ambiente primitivo. Tal detalhe é importante para explicar outro fenômeno. 

A partir do momento da explosão cresce, continuamente, a área entre os dois continentes, mas não cresce a área do globo, como frisado anteriormente. Isso acontece porque ao mesmo tempo em que novo material magmático é acrescentado ao “rift”, entre os subcontinentes, em outra parte do globo há o consumo da mesma quantidade de material rochoso para dentro do globo. O resultado desse choque de materiais é a formação de montanhas com magma basáltico novo, e a perda de rochas basálticas antigas para dentro da esfera. Isto se dá em virtude das rochas e magma serem da mesma origem e do mesmo material.

Relembrar que o vulcanismo inicial que determina o falhamento de Alpha cobre boa parte dos continentes, com tênue camada de basaltos, devido à inércia da massa continental e das falhas transcorrentes, que se formam neste início de processo. A continuidade do movimento convectivo na célula sul-americana começa a afastar os continentes, e o derrame basáltico passa a formar uma ponte alta entre os dois continentes que se afastam do “rift” inicial, com a estrutura de montanhas ainda subaéreas. Reforçando a ideia: ainda não existe o Oceano Atlântico! Inicia-se a formação do seu leito subaereamente!

A parte superior da célula convectiva sul-americana brasileira se movimenta tangencialmente pela parte interna do globo na direção leste-oeste, e passa a transferir o subcontinente para uma nova posição, desfazendo a paleogeografia e configurando uma nova.

Observação importante: as placas tectônicas são passivas. Elas são impulsionadas pelas correntes convectivas do manto, e essa conclusão prejudica a validade da teoria das placas tectônicas. Perde a validade a existência da astenosfera e toda a teoria sobre a composição física do manto do globo.

Um parêntese para chamar atenção da Tectônica da Terra.

Depois do violento abalo inicial na parte central de Alpha (em uma faixa do globo que chamaremos de zona sismicamente ativa) e o afastamento para oeste do segmento da crosta que contém o continente americano, este passa a ser transportado sobre o ramo tangencial da célula convectiva, sem movimentações verticais, configurando uma zona sismicamente quieta. Observar que zonas sismicamente ativas ficam situadas sobre os ramos radias ascendentes e descendentes das células convectivas, e as sismicamente quietas ficam sobre a corrente tangencial da mesma célula. Falhamentos, dobramentos e metamorfismo somente acontecem nas áreas sismicamente ativas. A informação é importantíssima para a pesquisa do petróleo.

Voltando para a História.

O abalo sísmico que separou os continentes não tem influência sobre a sedimentação da atmosfera. Os gases que a compõe continuaram operando na renovação da vida de plantas e animais sobre os continentes que, aos poucos, vagarosamente, tomam novas posições geográficas sobre a superfície do globo.

Não existem mais os dinossauros e assemelhados nos ambientes geológicos. O ambiente tectônico volta a ser plácido ou calmo. Depois do tsunami inicial, os rios continuam correndo para oeste, dando prosseguimento a sedimentação na bacia da costa do continente sul-americano (Formação Theta), ao mesmo tempo em que este se aproxima do ramo descendente da célula convectiva americana do sul.

Em determinado momento a margem oeste do fragmento de Alpha (de agora por diante chamado América do Sul) chega na zona sismicamente ativa da célula sul-americana (no interior do globo), onde as rochas da superfície se perdem para dentro do globo por serem formadas de rochas da mesma qualidade: os basaltos em estado ígneo. A seguir o encontro passa a ser feito por rochas de qualidades físicas diferentes. Uma das placas, a que se desloca no sentido leste, é basáltica e de maior densidade do que os sedimentos marinhos das formações anteriormente depositadas, Delta e Theta, situadas na placa que se desloca no sentido oeste. O resultado é o enrugamento dos sedimentos das formações Delta e Theta.

Toma forma final a geografia da costa oeste sul-americana. Inicia-se o levantamento da Cadeia dos Andes, o que se faz com novas manifestações tectônicas violentas, gerando uma nova classe de montanhas. Este é o ponto de afastamento máximo para oeste do fragmento de Alpha, onde ele se detém. Os sedimentos de Delta e Theta são dobrados e empurrados para cima de Alpha formando os Andes Sedimentares. Essas montanhas, originalmente sedimentos marinhos de água doce, passam a condição de montanhas subaéreas.

Depois do enrugamento das montanhas de sedimentos, chega para o ponto de choque com a rocha basáltica a rocha granítica de Alpha. O granito tem qualidades físicas diferentes, tanto dos basaltos como dos sedimentos. Alpha é menos denso que os basaltos e por isso acavala-se sobre Zeta, sem sofrer dobramentos. Inicia-se o levantamento da borda oeste da América do Sul, elevando ainda mais a altura dos Andes. A Formação Alpha, de natureza granítica, metamorfiza-se aos esforços, mas não se dobra, e acavala-se sobre o basalto. Alpha é a rocha mais espessa das que formam a litosfera.

A configuração final resulta na atual paisagem tectônica da região dos Andes com todas as suas consequências: uma placa basáltica de estrutura montanhosa movimentando-se para leste, por baixo da placa granítica, perdendo-se no interior da Terra, voltando ao estado magmático, e a placa granítica ou siálica movendo-se de leste para oeste, acavalada sobre a primeira. O resultado deste panorama geológico é o abismo submarino na costa oeste da América do Sul, as montanhas, os terremotos e os vulcões que se formam naquela região. Essas características configuram uma segunda zona sismicamente ativa, limitando aqui a chamada célula convectiva sul-americana. A ilustração dos vulcões e os conhecidos terremotos andinos permitem melhor compreensão da paisagem geológica descrita. 

GÊNESE DA FORMAÇÃO JOTA

Os acontecimentos acima descritos configuram a estruturação de uma nova Formação: Formação Jota. Vejamos a gênese dessa nova Formação.

A placa montanhosa de Zeta ao passar por baixo da placa de Alpha sofre um nivelamento das montanhas de que é formada, e por isso elas vibram. Ao se abrirem passagens entre uma e outra Formação escapa para o exterior alguma quantidade de lava da célula convectiva americana do sul, formando os vulcões andinos intermitentes, dos quais destacamos alguns exemplos famosos como Vulcão de Fogo e Sta. Maria na Guatemala; Popocatépetl no México; Momotombo na Nicarágua; Arenal na Costa Rica; Misti no Peru; Reventador no Equador e Nevado del Ruiz na Colômbia. Os basaltos expelidos por esses vulcões constituem o corpo da Formação Jota.

Neste ponto da História há necessidade de introduzir um estudo sobre montanhas.

Após o encontro das placas de movimentos opostos a que transporta Alpha se detém, surgindo a tendência de equilibrar-se. A posição inclinada para o oeste, que se manteve durante o seu deslocamento, passou a horizontalizar-se.

A chegada dos sedimentos das formações Delta e Theta, anteriormente depositados no mar na costa oeste do subcontinente americano do sul, provoca a formação de montanhas andinas, represando inicialmente águas marinhas, formando lagos de água salgada.

Vamos destacar as diferença entre as duas qualidades de montanhas:

1. As formações de basalto vindos do interior do planeta são as montanhas verticais, e elas constituem a maioria das montanhas do globo, de modo geral submarinas. Algumas de tão altas ultrapassam o nível do mar. Ex: Havaí, no oceano Pacífico, ainda em construção, e Fernando de Noronha, no Atlântico, um vulcão extinto.
2. As montanhas originadas do dobramento de sedimentos provocadas pelo choque de segmentos da crosta em movimentos antagônicos, como a Cadeia Andina.

Chama-se atenção para a simplicidade a que fica reduzido o estudo das montanhas no globo, faltando apenas mais um tipo, as montanhas resultantes do intemperismo, que veremos posteriormente por questões didáticas.

Voltemos aos acontecimentos passados no subcontinente americano do sul e a estruturação de novas formações geológicas.

O levantamento andino ocasionou uma barreira para a drenagem do continente, que era feita no sentido leste/oeste.

PERÍODO KAPPAIANO

Vagarosamente, começa a se formar um lago sobre o fragmento de Alpha que forma a atual América do Sul. O lago expande-se de oeste para leste, e inicia-se a sedimentação continental da Formação Kappa, inicialmente sobre as formações clásticas de origem marinha de Beta e Theta e, paulatinamente, cobrindo o continente, na medida em que Alpha toma a posição horizontal. Kappa é formada de sedimentos continentais em água doce.

Na posição horizontal, a paisagem geológica é a de um grande lago, raso, limitado por montanhas a leste e oeste. No meio do lago, as montanhas mais altas aparecem como ilhas. A figura representa a paisagem do fim do tempo Kappaiano.

Vamos recapitular os movimentos que deram origem a Kappa, passando em seguida a gênese de Lambda, a última formação, em pleno processo de sedimentação.

Ao empuxo da energia inicial, Alpha foi levantada na sua parte central e separada do subcontinente africano. Ainda no seu lugar original foi falhada e inclinada para o lado oeste, direção para onde se deslocou sobre o ramo tangencial da célula convectiva  américana do Sul. Neste ponto foi parada pelo ramo tangencial da célula convectiva adjacente, célula de Nazca, de movimento contrário, e acavala-se sobre os basaltos da outra célula. Este fato provoca o levantamento andino e a formação do lago onde sedimentou a formação Kappa.

PERÍODO LAMBDAIANO

Depois que a placa americana do sul atinge o ponto de equilíbrio, formando o lago central de Kappa, passa a bascular para o leste forçada pelo acavalamento da placa granítica sobre a basáltica – placa de Nazca – no oeste. Sendo assim, a posição da sua borda leste sobre a parte inerte da célula americana do sul, de alta que era, passa a abaixar-se. Esse movimento provoca o esvaziamento do lago onde se originou Kappa. Formam-se cachoeiras de altura extraordinária que depositam os primeiros sedimentos da última formação geológica da coluna estratigráfica global, a qual permanece se estruturando até o hoje. É a gênese da formação Lambda, os sedimentos marinhos da costa leste brasileira.

O início do desequilíbrio da placa sul-americana para o leste acarreta o esvaziamento do lago de Kappa, que provoca a corrida de águas para o mesmo lado, carreando os sedimentos de Kappa para se acumularem, agora, na costa leste de Alpha. Esse movimento vai modelar a futura costa brasileira, ao tempo em que modela a fisiografia do território e a costa. As grandes cachoeiras que ocorrem em algumas partes do mundo servem para se ter uma ideia da corrente de água destruidora das rochas. As primeiras cachoeiras são altas, mas sem potência, a exemplo do Salto Angel, na Venezuela.

À medida que o continente se inclina para leste, a potência da corrida das águas aumenta, a exemplo das Cataratas Victória, na África, e se torna de potência destruidora, modelando a superfície e a costa brasileira. Na superfície brasileira ficam as colinas, tabuleiros e o próprio fundo do lago, transformando o território brasileiro em superfícies planas (o fundo do lago original), os tabuleiros, e áreas montanhosas esculpidas pela correnteza das águas do grande lago do tempo de Kappa. Este é o terceiro tipo de elevação, sendo exagero serem chamadas de montanhas. São elevações esculturadas por drenagem da superfície, e não devem ser confundidas com as montanhas verticais e dobradas, referidas anteriormente.

Na costa continental formam-se os cânions da costa brasileira. Começa o afogamento das montanhas de Zeta e do “rift” atlântico. Surge o Oceano Atlântico e desaparece o “rift” sob suas águas, sobressaindo algumas montanhas mais altas como Fernando de Noronha, Trindade etc.

O processo de salgamento do mar iniciado junto com a grande explosão de energia, no início do período Zetaiano, provocou o lento desaparecimento da fauna marinha anterior e uma adaptação das espécies mais resistentes ao novo ambiente de mar salgado.

As águas do Oceano Atlântico cobrem primeiro as rochas de Zeta e, posteriormente, começam a afogar as praias de Alpha, que formam o talude continental. Afogam-se os cânions formados pela corrida de águas. Desaparecem sob as águas os cânions, as cachoeiras, e os tabuleiros de Kappa também começam a ser afogados.

Restam sobre o continente os tabuleiros de Kappa, a exemplo de Morro do Chapéu-BA, Chapada Diamantina –BA, Serra de Pacaraima- RR, Serra do Araripe – CE, Serra Grande – PI, Aparados da Serra – RS, Jalapão – TO e outras formações mais antigas, como Alpha, Beta, Épsilon e Eta. Esse movimento de afogamento da costa leste sul-americana tem continuidade até hoje, gerando prejuízos às cidades costeiras.

Cessa o movimento tangencial da América do Sul, subsistindo apenas dois movimentos verticais: o levantamento da margem oeste de Alpha, forçado pelo acavalamento de Alpha sobre Zeta, e o concomitante afogamento da margem leste, que continua a se processar atualmente.

Todos os fenômenos antes descritos (montanhas, formações geológicas, movimentações continentais, etc)  são uma consequência do confronto de movimentos das células convectivas contíguas,  no interior do globo, impulsionadas pela gravidade atuante sobre o núcleo do mesmo.

Em seguida veremos as consequências dessa História na descoberta de outros pontos importantes, ressaltando a origem, ocorrência e o processo acumulativo do petróleo em subsuperfície, ao longo do tempo geológico.