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Tectônica

As montanhas são estruturas singulares à superfície do globo porque são contraditórias com os processos geológicos. Elas não deveriam existir devido à idade da Terra, diante dos processos de sedimentação existentes desde quando o globo esfriou. Em virtude disso, conclui-se que as montanhas são estruturas jovens (geologicamente falando), por isso elas estão aí como um desafio à perspicácia dos seus estudiosos. Como se formaram? Quando se formaram, onde e porque se formaram? A geologia estratigráfica responde a estas perguntas como consequência do estudo dos sedimentos que fazem parte da Bacia do Recôncavo.

Dito anteriormente, como resultado do estudo, a Terra é um planeta fluido em duas fases: uma interior, formada de magma denso, vermelho ao rubro, e outra exterior, cujo material é leve e transparente chamada atmosfera, formada de água e gases. Essas duas partes fluidas são separadas por delgadíssima capa rochosa, a litosfera ou magma solidificado. Essas três partes formam um conjunto dinâmico, governados e dependentes da força central universal: a gravidade. O magma interior e a litosfera que o cerca se movem dependentes da gravidade do próprio planeta, enquanto a atmosfera ou os fluidos do exterior, além da gravidade da Terra, é influenciada pela gravidade do Sol.

A dinâmica externa do planeta foi estudada quando analisamos a Variação do Clima da Terra em texto anterior. Vimos que o fenômeno depende da gravidade atuante no Sol, influenciado por fatores próprios da Terra como sua velocidade no espaço, os movimentos que realiza, a inclinação do eixo de rotação, etc.

Neste texto vamos estudar a dinâmica interna da Terra e os fenômenos que disso decorrem, considerando de antemão, dito acima, que a gravidade é a força responsável pela organização e pelo funcionamento interno do planeta, que, por extensão de raciocínio, é semelhante ao do Sol. Esta premissa serve para explicar o estudo do universo, tema que abordaremos quando estudarmos o titulo da Astronomia.

Para estudar a tectônica teremos de recapitular com mais detalhes a história geológica ao tempo que chamamos de Prepangæânico. O Sol e todos os planetas que orbitam ao seu redor, inclusive a Terra, aparecem como esferas de fogo em processo de perda de energia, ou seja, a Terra no Prepangaeiânico ainda em estado de ignição, emite energia e sua atmosfera, formada de água e gases, se acha afastada da superfície do planeta. O grau de energia é máximo e o modelo é o Sol no estado que se encontra atualmente, daí a conclusão sobre a origem dos astros: a Terra e o Sol são iguais pela origem e funcionamento diferindo apenas pela quantidade de massa.

Devido a sua massa descomunal e sob a gravidade, o Sol, transforma essa mesma massa em luz, segundo a formula geológica abaixo, marcando o momento da transformação da massa em energia: 

massa + compressão =  luz + energia

À luz do Sol é a massa do Sol transformada em luz que quando chega à Terra, chamamos de insolação, enquanto a Terra, já na fase atual, cessado o brilho, mas ainda sob o efeito da mesma força que faz o Sol brilhar, passa a se contrair SOBRE O SEU NÚCLEO, contração essa que é o motor da tectônica ou a origem da tectônica.

O TEMPO E A TECTÔNICA

Por ser um fenômeno geológico, a tectônica é um fenômeno naturalmente evolutivo e por isso se desenvolve ao longo do tempo geológico.

No Prepangæânico o globo terrestre ainda é fluido como o Sol, emitindo energia até o ponto de temperatura crítica, quando se torna opaco. A força da gravidade atuante na massa da Terra se faz na direção do centro do planeta, e encontra o limite de atração mais ou menos na metade do seu raio. Deste limite até o centro do globo a esfera central da Terra recebe o nome de núcleo, que suporta, como um amortecedor, o peso da parte superior da estrutura do globo, inclusive a atmosfera.

Acentuemos este ponto: o material que forma o interior do globo é um só, o magma. A pressão gravitacional cresce ao longo do raio terrestre, comprimindo tudo até determinado ponto dessa massa onde não pode mais ser comprimida, e onde alcança a sua temperatura máxima dividindo a massa formativa do globo em quatro partes estruturadas da seguinte maneira, do interior para o exterior:

  1. A esfera central do globo terrestre chamada de núcleo, a parte comprimida,
  2. A capa esférica que recobre o núcleo ate a superfície do planeta, que chamamos de manto.
  3. A superfície do manto fica em contato com a atmosfera fria e por isso se transforma em rochas, formando a segunda capa esférica que recebe o nome de litosfera.
  4. Sobre a litosfera a parte fluida composta de uma parte líquida, os oceanos, e uma parte gasosa, a atmosfera.

Pode-se observar que é um sistema de funcionamento fechado: as partes 2, 3, e 4, acionadas pela gravidade, comprimem a esfera central aumentando a energia do núcleo que por sua vez, reequilibra o sistema expelindo o excesso de energia para o exterior através do manto, criando as células convectivas e seus movimentos. A temperatura do globo é por isso, crescente ao longo do seu raio.

A superfície do núcleo é a parte que sofre a maior pressão gravitacional, e por tal razão é a parte mais densa e mais quente, ou de maior temperatura do globo. Não ha nenhuma diferença de composição mineral entre as duas partes interiores em que se divide o globo, muito especialmente de estado físico, como foi determinado por Jeffreys (1891-1989) em 1935, e Inge Lehmann (1888-1993) em 1936 usando conflitantes métodos geofísicos. Este mecanismo é o responsável pela dinâmica interna e externa do globo, e consequentemente por tudo o que se estuda com o nome de tectônica.

A partir da superfície do núcleo surge o movimento de convecção conhecido: as partes aquecidas tornam-se mais aquecidas e menos densas e por isso sobem radialmente para a superfície do globo, provocando a descida automática do material mais denso e menos aquecido, que, a medida que afunda no interior do globo se aquece de novo, tornando-se menos denso formando um ciclo convectivo, repetitivo, determinando tanto as células como o movimento das células convectivas dentro do globo.

Evidente por si mesmo que as células estão organizadas aos pares, e que a componente vertical da força positiva tende a uma protuberância na superfície do globo e a negativa uma depressão. A componente positiva formará uma protuberância ou um vulcão, e a negativa formará uma bacia. A componente positiva forma uma área fonte de sedimentos, e a bacia receberá esses sedimentos dentro das leis da sedimentação.

Este comportamento interno do globo frente a gravidade é o responsável por todos os movimentos da crosta litosférica, que é um elemento passivo. A CROSTA NÃO TEM MOVIMENTOS PROPRIOS! Não existe uma teoria de placas tectônicas, como não existe a astenosfera ou contração termal para explicar as montanhas da litosfera, assuntos que discutiremos adiante neste texto.

Para entender-se a atual paisagem topográfica do globo, evidentemente precisamos recapitular a História Geológica ao longo do tempo geológico, já vista anteriormente. É o mesmo que estudar a evolução tectônica da Terra, tema acentuado anteriormente.

ERA PREPANGÆIÂNICA

Na Era Prepangæiânica o globo sai do estado ígneo e torna-se opaco, e o contato com a atmosfera fria determina o aparecimento da litosfera. A paisagem geológica consiste em uma grande ilha granítica contínua, situada na parte equatorial do globo, flutuando isostaticamente sobre o magma interior e imobilizada entre as rochas basálticas da superfície, externamente iluminada pela insolação. A forma da Terra é uma esfera perfeita: a superfície plana do mar e Pangæa com superfície rugosa, irregular, mas não montanhosa, coberta de verde vegetal.

ERA PANGÆIÂNICA

Na Era Pangæiânica existem dois movimentos negativos (embaciamentos), gravados em duas bacias de sedimentação que ocasionaram as formações Beta e Épsilon. Essas formações, não somente existem na superfície em afloramentos conspícuos, como tiveram seus fosseis determinados pelo laboratório de paleontologia da Petrobras. As duas formações geradas são de clásticos finos indicando movimentos suaves de embaciamento. O intervalo entre as duas sedimentações foi de levantamento lento, com provável emissão de lavas de mapeamento difícil. Isso mostra que os movimentos iniciais foram lentos, e o que originou Épsilon durou tempo significativo, evidenciado pelo tamanho alcançado pelos objetos naturais como as árvores gigantescas, os animais de grande porte, representados pelos dinossauros, e os grandes campos de petroleo descobertos naquela formação.

Todos os resultados obtidos do estudo geológico são genéticos e não podem ser estudados e/ou compreendidos sem o auxilio da estratigrafia, ou seja, do desenvolvimento genético da entidade. Enfatizando a declaração dizemos mais: não se pode chegar a uma conclusão satisfatória do assunto sem que se conheça o mesmo dentro da Historia Geológica do planeta. Fora do contexto histórico, temos as diversas “soluções” apresentadas em lições de geografia, e mesmo de geologia antiquada, quando prolifera uma pesada literatura dos grandes pensadores ao longo da historia da ciência. Das mais populares, até mesmo à mais atual, leva o titulo de “tectônica de placas”, que é tão boa como todas as que a antecederam, já que explica o fenômeno de uma maneira particular, ignorando fatos anteriores importantes que dificultam o funcionamento do conjunto e, especialmente, sem apresentar soluções para a economia.

O problema diz respeito a contradição entre o funcionamento do globo inteiro e o comportamento da litosfera, ou a contradição entre a estrutura do planeta e os movimentos da litosfera.

Em outro capitulo vimos que Jeffreys (1891-1989), estudando terremotos, mostrou que não haveria possibilidade das ondas causadas por um terremoto se propagassem em um fluido, e desde aquele tempo a estrutura do planeta é tida como um sólido até mais ou menos a metade do seu raio, aos 2900 km de profundidade.

Paralelamente outros cientistas estudavam a superfície do planeta, onde tudo era mais fácil de observar se comparado ao interior da Terra. A partir desses estudos e observações, chegou-se a outra conclusão: a crosta da Terra um dia se moveu e vários fenômenos verificados no estudo da superfície conduziam para a correção dessa hipótese, de onde surgiu a contradição: a estrutura da Terra é solida, exceto seu núcleo e por isso a sua crosta não pode se mover. Os continentes não poderiam se mover através da crosta basáltica. Não haveria força para realizar o movimento.

Dr. Jeffreys, o primeiro a teorizar sobre o interior da Terra, mostrou que a única parte fluida dentro do globo era o núcleo, e se opôs às possibilidades arguidas por Wegener contra os movimentos da crosta do planeta.

Mas, se Wegener estava mais próximo da verdade do que Jeffreys, por que a teoria de Wegener não prosperou? Abramos um parêntesis para apreciar as razões brotadas desta pesquisa, que são importantes para avaliar outros resultados. Com mais clareza: como a opinião, mesmo errada, de pessoas importantes, passam a valer como verdade para a maioria, sobre assuntos desconhecidos, por exemplo, o efeito estufa, aquecimento global, etc.

Wegener era um naturalista, um climatologista ou meteorologista, que trabalhava com a observação das coisas da natureza e só veio a ser reconhecido como um cientista após a sua morte, quando lhe foram prestadas as homenagens que mereceu. Jeffreys, ao contrario, era físico e matemático de sólida reputação científica.

Sir Harold Jeffreys foi uma sumidade científica no século passado. Vejamos algumas informações sobre a sua biografia e trajetória, para o leitor imaginar a estatura intelectual do cientista que foi Jeffreys: como astrônomo destacou-se ensinando sobre temperatura e estrutura dos planetas Júpiter, Saturno, Urano e Plutão; como geólogo dissertou sobre terremotos, monções, e previu a estrutura interna do planeta; foi o primeiro a vislumbrar o núcleo da Terra como uma esfera fluida; formulou uma teoria inteira sobre o planeta, suas montanhas e terremotos, utilizando-se da matemática como embasamento da pesquisa; ainda como matemático produziu obras seminais na teoria das probabilidades e cálculos operacionais; a partir de 1922 chefiou o International Seismological Summary ,e em 1935, em parceria com Keith Bullen (1906-1976), outra fera da sismologia, publicou as “Seismological Tables” , que ficaram conhecidas como “JB Tables”. Em 1940 as tabelas foram revisadas, e atualmente são usadas para calcular velocidade das ondas sísmicas que medem as distâncias entre um observador e o epicentro de um terremoto; em 1925 entrou como Fellow of the Royal Society; em 1926 ganhou o Adams Prize por seu trabalho sobre a constituição interna da Terra; em 1929 ganhou Buchan Prize do International Journal of Climatology or Atmospheric Science Letters, cedido para as melhores contribuições feitas à meteorologia por cientistas; em 1937 foi agraciado com a Medalha de Ouro da Real Sociedade Astronômica de Londres, a maior premiação daquela Sociedade aos que contribuem ou contribuíram para o desenvolvimento da ciência geofísica e astronômica; em 1948 ganhou o Lagrange/CRT Foundation (50.000 euros) concedido pela Fundação, em Torino, Italia, dedicado aos cientistas que trabalhem no campo da aplicação e divulgação das ciências complexas; em 1952 ganhou a William Bowie Medal, a mais elevada recompensa concedida pela União Geofísica Americana (AGU); em 1953 recebeu o título de Sir de Sua Majestade a Rainha da Inglaterra; em 1960 ganhou a Coppley Medal por seus trabalhos em vários ramos da geofísica, pela Teoria das Probabilidades e por seus trabalhos em astronomia; em 1962 a racebeu o Vetlesen Prize, pelo seu trabalho Mathematical Methods Applied to the Study of the Interior of the Earth, Great Britain valendo $250.000 e a medalha mencionada; finalmente, em 1964, foi agraciado com a Wollaston Medal, concedida pela Sociedade Geológica de Londres no valor de 25,000 libras.

Alguns dos trabalhos escritos pelo Dr. Jeffreys são:

  • The Earth, Its Origin, History and Physical Constitution”, Cambridge University Press, 1924; 5th edn. 1970; 6th edn. 1976
  • Operational Methods in Mathematical Physics”, Cambridge University Press, 1927[12]
  • The Future of the Earth”, Norton & Company, c. 1929.
  • Scientific Inference”, Macmillan, 1931; 2nd edn. 1937;[13] 3rd edn. 1973.
  • Cartesian Tensors”. Cambridge University Press 1931;[14] 2nd edn. 1961.
  • Ocean Waves and Kindred Geophysical Phenomena”, with Vaughan Cornish, Cambridge University Press, 1934.
  • Earthquakes and Mountains”, Methuen, 1935; 2nd edn. 1950.
  • Theory of Probability”, 1939;[15] 3rd edition, Clarendon Press, Oxford, 1961.
  • Methods of Mathematical Physics”, with Bertha S. Jeffreys (sua esposa). Cambridge University Press 1946;[16] 2nd edn. 1950; 3rd edn. 1956 with reprintings.
  • Asymptotic Approximations”, Clarendon Press, Oxford, 1962.
  • Nutation and Forced Motion of the Earth’s Pole from the Data of Latitude Observations”, Macmillan, 1963.
  • Collected Papers of Sir Harold Jeffreys on Geophysics and Other Sciences”, Gordon and Breach Science Publishers, 1971–77.

É um currículo de tirar o folego de qualquer mortal. Difícil para qualquer cientista chegar perto do conhecimento científico do Doutor Harold Jeffreys. Diante dele Alfred Wegener foi um cientista bem mais modesto. Em 1980, depois de sua morte, foi  fundado o Alfred Wegener Institute for Polar and Marine Research, que confere uma medalha com o seu nome para cientistas que se distingam nas ciências da Terra. Há uma cratera na Lua e outra em Marte, ambas com o seu nome, e na Groenlândia, a península onde ele morreu quando fazia trabalhos de campo também foi batizada com o seu nome. Neste trabalho conservamos os nomes de Pangæa e Pantalassa em homenagem ao geólogo que foi Wegener, nomes dados por ele ao continente e mar original da geografia pretérita. Finalmente a European Geosciences Union também confere uma medalha com seu nome a cientistas que se destacam em assuntos atmosféricos, hidrológicos e oceânicos.

O Dr. Jeffreys morreu em 1989 sem fazer qualquer concessão, “out of question!”, dizia ele, na direção de rever seus estudos sobre a Terra e o “continental drift”, ou fenômeno da migração continental. Pelo contrário, usou todo o seu prestígio científico para que isso não acontecesse. Não somente ele se empenhou nessa tarefa, mas todos os demais cientistas da sua época que sofriam e sofreram sua influencia. Em 1928 a AAPG (American Association of Petroleum Geologists) promoveu um simposium para apreciar o assunto quando um dos cientistas presentes, precisamente o Dr Thomas C. Chamberlin, se expressou sobre o mesmo desta maneira: “If we are to believe Wegener’s hypothesis, we must forget everything which has been learned in the last 70 years and start all over again.” (Se formos acreditar na hipótese de Wegener, temos de esquecer o que foi aprendido nos últimos 70 anos e começar tudo de novo.)

Quarenta anos mais tarde, em 1968, a mesma associação (AAPG) ainda mantinha a mesma posição referente ao assunto, mostrando como é importante a opinião errada de pessoas de projeção social sobre um assunto desconhecido, como as que se verificam agora sobre assuntos do clima, atmosfera etc.

Jeffreys partiu do raciocínio que a Terra, ao principio fluida, esfriou de fora para dentro, se tornando sólida até a profundidade do núcleo, e foi o primeiro a dizer que o núcleo era fluido como consequência do raciocínio inicial.

Depois da Segunda Guerra Mundial, pelo meio do século passado, pesquisadores de toda as áreas da geologia continuavam a estudar o assunto, e a disputa pendia para o lado dos que assumiam a ideia do movimento continental. A instrumentação melhorou muito, as pesquisas provocavam os cientistas e apareceram muitos nomes, hoje famosos, mas todos esbarravam no mesmo problema da rigidez do manto terrestre defendida pelo Doutor Jeffreys, e alguns seguidores de igual opinião e de mesma importância científica, como Vladimir Belousov (1907-1990) na Rússia, também membro da Royal Society.

Presentemente há um consenso: o interior do globo continua sólido como a litosfera, mas criou-se uma camada fluida onde fragmentos da litosfera pudessem deslizar e assim apareceu a astenosfera, uma ideia existente desde 1914/15 como solução para solucionar o problema da isostasia, devidas a J. Barrell (1869-1919) em trabalhos daquela época. 

A astenosfera, por ser algo inexistente sob o ponto de vista geológico, deixa entre os diversos doutores uma percepção naturalmente confusa. Sua consistência é descrita por curiosos como “plástica”, “viscosa”, “pastosa” e outros adjetivos que dependem de quem fala, de maneira a facilitar o movimento da “placas tectônicas” da litosfera.

Mas, se temos uma parte do manto superior com a necessária plasticidade, de onde vem a força para movimentar as “placas”? Como surge e funciona, entre dois sólidos, uma capa esférica fluida? A ideia fica a desejar, como sempre, enquanto o manto do planeta for considerado sólido, conforme foi admitido pelos cientistas do passado.

A conclusão do nosso estudo é contraria aos conceitos acima. Afirmamos que a Terra é um planeta fluido, exceto a litosfera e alinhamos a seguir nossas razões.

São sete as evidências que indicam que o manto da Terra é fluido, só pode ser fluido e não pode ser sólido:

1. Os continentes da geografia atual são fragmentos de um só continente original, que formava a geografia pretérita. Em outras palavras, houve uma paleogeografia que antecedeu a atual. Enfatizando: a atual geografia da Terra, é o resultado da rearrumação de uma geografia preexistente. A conclusão natural é: houve movimento tangencial dos continentes de uma paleogeografia para a geografia atual, o que implica:

    • Movimentação tangencial de grandes massas continentais por milhares de quilômetros ou distancias consideráveis;
    • Expansão de parte da superfície do globo;
    • Absorção de parte da superfície do globo proporcional à expansão, desde que o globo tem volume fixo.

Ora, os continentes obviamente são sólidos, e é impossível a movimentação de um sólido sobre outro sem que haja tração motora definida em pelo menos um deles. Entretanto, sobre um fluido, é natural o movimento de um sólido tanto por tração (um navio, um barco à vela ou um peixe a nadar), como passivamente (um tronco de arvore, um barco à deriva ou qualquer tipo de sedimento), desde que haja movimento no fluido. No caso dos continentes, o movimento foi passivo, impulsionado pelas correntes convectivas tangenciais e interiores à superfície do globo, havidas e passadas exatamente no manto em virtude da explosão de energia havida no globo. Logo, o manto é fluido e tem movimentos próprios. A litosfera é sólida e seus movimentos são passivos e dependentes dos movimentos do manto.

2. A movimentação tangencial dos segmentos da crosta, fazendo parte de uma esfera que mantém constante a sua superfície e volume, afetam-se mutuamente. O fenômeno é acompanhado da expansão de uma área, os rifts, e proporcional à redução de outra. A área em redução perde-se para dentro do globo, onde se dilui novamente. Se o manto fosse sólido seria impossível essa penetração, pois é princípio geológico primário que, dois corpos sólidos não podem ocupar o mesmo lugar no espaço. Se a litosfera é um corpo sólido, como de fato o é, o manto é necessariamente fluido como queremos demonstrar.

3. A simples observação visual de um vulcão em erupção é a evidência óbvia de que dentro da Terra o material que a forma é fluido. Se fosse sólido, o material do manto jamais poderia ser expelido como observado durante as erupções  vulcânicas.

4. A suposição de que o manto é sólido encerraria uma contradição inadmissível: determinado material encontrar-se em ambiente de alta temperatura e pressão em estado sólido, e tornar-se fluido ao passar para outro ambiente de baixa temperatura e pressão. Constituiria isso um absurdo, e a natureza não trabalha com absurdos. Os fluidos que saem pela cratera de um vulcão em atividade são parte do mesmo fluido existente no manto da Terra, que solidifica, somente, quando chega à superfície, mostrando que o manto é fluido.

5. A concepção do manto sólido determinaria uma geografia estática, única, e não permitiria qualquer solução que sequeira dar para a mistura de fósseis anacrônicos nos mesmos estratos, como ocorre na Bacia do Recôncavo. Fica impossível a explicação da Falha de Salvador, pois não pode haver um falhamento desse tipo em uma área assísmica, além dos conglomerados que preenchem a Bacia e outros problemas da geologia da região. As montanhas e as bacias não existiriam.

6. A forma esferoide do globo é devida ao movimento de rotação da Terra ao redor do seu eixo, que pela força centrífuga, provoca o alongamento do raio equatorial e consequente encurtamento do eixo ao redor do qual ela gira. Disso resulta o achatamento dos polos. O fenômeno não acontece nos corpos sólidos por mais rápida que seja a rotação o que implica na fluidez do manto do globo.

7. Não existem movimentos convectivos em sólidos. Movimentos convectivos são próprios e naturais nos fluidos. Ora, se existem movimentos convectivos dentro do globo terrestre, é evidente que o manto é fluido e não pode ser sólido.

A concepção estratigráfica do globo terrestre é a que se vê na figura. O núcleo envolvido pelo magma em movimento perpétuo, atualmente organizado de maneira tal que explica a geografia e sua relação com a paleogeografia. É fluido tanto no interior como no exterior, fluidos esses separados pela capa sólida da litosfera. Observar na figura que a única parte sólida do globo é a delgadíssima litosfera como queríamos demonstrar.

TECTÔNICA

Diante do exposto podemos resumir o que se estuda com o nome de tectônica da seguinte maneira: é a parte da geologia que estuda as alterações topográficas da crosta terrestre. Essas alterações só se verificaram devido a movimentação do magma no interior do globo, em outras palavras, as alterações da topografia exterior do globo (resultado secundário, consequência), é o resultado da movimentação do magma em células convectivas no interior do mesmo (causa primaria, origem).

Os movimentos convectivos são compostos de duas espécies de movimento:

1. Movimentos radiais, positivos, os que se fazem a partir do núcleo na direção da superfície e negativos, ao contrario, os movimentos se fazem da superfície na direção do centro do núcleo.

2. Movimentos tangenciais divergentes, são os movimentos que se fazem sob a litosfera e são a continuidade entre os dois movimentos radiais. Esses movimentos são os que determinam a movimentação das placas que contem os continentes.

As cadeias de montanhas da Terra se formam a partir desse conjunto de movimentos. O movimento positivo de uma célula convectiva forma os “rifts”, que são bacias cujas margens se afastam simetricamente a partir de um eixo ativo, e tem como seu melhor exemplo o Oceano Atlântico. Evidencia-se assim que todos os rifts existentes no globo são da mesma origem e não há porque se pensar de outra maneira. Todos têm a mesma origem.

A observação importante é a datação das rochas que formam o fundo dos mares: a mais antiga não é a de baixo, mas a mais afastada do eixo de abertura do “rift”. Essas montanhas, muito altas no inicio do processo, tem a tendência de desaparecer sob as aguas do oceano devido a diminuição da força da explosão inicial. A Islândia é uma região ainda sobre o rift, enquanto Fernando de Noronha, mais antiga, aos poucos vai desaparecendo, não somente pelo afundamento sob as aguas do Atlântico, como também pelo desgaste frente aos fatores da sedimentação que a destrói.

Ainda por efeito dos movimentos tangenciais, em áreas de fundo basáltico formam-se montanhas de rochas basálticas, sobre as regiões de movimento radiais negativos que, ao contrario dos rifts, formam abismos oceânicos com os movimentos de retorno ao manto. Nas regiões de adução, havendo sedimentos, formam-se as montanhas de empurrão, cujo melhor exemplo são os Andes na costa oeste da América do Sul. Devido a sua densidade, as rochas (sedimentares) que formam esse tipo de montanha não voltam para o interior do planeta, e são empurradas para cima dos continentes adjacentes formando as montanhas dobradas.

Ainda como consequência do movimento tangencial aparece um terceiro movimento caracterizado na América do Sul: o basculamento de placa. Inicialmente o continente americano do sul, ainda na posição original, ou no seu lugar original, foi levantado, falhado e basculado de leste para oeste. Na posição em que se encontra hoje, no seu lugar atual, ele está basculado de oeste para leste, isto é, o continente inverteu o movimento de basculamento. Entre os dois pontos extremos, na posição de equilíbrio, surge a penúltima formação geológica chamada Kappa resultante do grande lago formado sobre o continente americano do sul. Após o ponto de equilíbrio inicia-se o levantamento da borda oeste sul-americana, esvaziando o lago para o lado leste, esculpindo os sedimentos lagunares através da corrida dos rios para o leste continental (posição atual). Formam-se os cânions da costa brasileira, os tabuleiros ou colinas de topos planos, de mergulho muito suave, para o leste e as planícies que formavam o fundo do lago continental e que constituem, de fato, a Formação Kappa sobre o território brasileiro. Como resultado deste movimento há a formação de colinas muito altas no oeste, e o afogamento da mesma formação no leste sob as aguas do Atlantico, movimento este que originou a crença popularesca e tola “que o nível do mar está subindo”. Não ha subida do nível do mar, mas o afogamento da margem continental devido ao basculamento continental.


TERREMOTO E VULCANISMO

Terremotos e vulcanismo são consequências do movimento das correntes convectivas no manto do globo. Tais movimentos convectivos afetam os segmentos da litosfera para novas posições com emissão de lavas (vulcanismo) e terremotos ou tremores de terra. Os terremotos e o vulcanismo, como todo fenômeno geológico, evoluíram de uma maneira decrescente, diretamente proporcional a quantidade de energia acumulada no núcleo do planeta. Ao chegar ao ponto máximo de energia na periferia do núcleo, no fim do período Epsiloniano, aconteceu a explosão da mesma, abalando todo o globo. Todos os rifts do globo se formaram neste momento, segmentaram o monocontinente desenhando a atual geografia, quando se movimentaram os fragmentos com máxima velocidade inicial tendendo para o estado atual de, praticamente, quase quiescência.


BACIA DO RECÔNCAVO E TECTÔNICA

A província onde este estudo foi feito, conhecida como Bacia do Recôncavo, não é uma bacia no sentido geológico do termo. Um exemplo do que é uma bacia geológica de sedimentação é o Oceano Atlântico, onde se depositam sedimentos de origens diversas em uma área ampla. Nessa bacia a sedimentação é calma e a variação de fósseis, tanto mineral como orgânica, é de imensa diversidade, levando em consideração a vastidão territorial que forma a bacia e o tempo geológico da sua existência. O Recôncavo, como resultado da explosão do globo que alterou a geografia existente naquele momento geológico, é o resultado de um falhamento geológico. A bacia é estreitíssima em toda a sua extensão. Na  parte sul, alcança em torno de 75km, alargando-se um pouco mais ao norte, e foi preenchida em um momento geológico definido: levantamento e falhamento da Formação Alpha, seguido de basculamento do chamado Alto de Salvador para o lado oeste, movimento este que gerou o conglomerado que forma a chamada Bacia do Recôncavo, formação que recebeu o nome de Formação Eta.

Esta formação deverá ser mapeada em toda a borda do Oceano Atlântico, embora boa parte dela já se encontre sob as águas do Atlântico, como acontece em Salvador logo ao sul do conhecido Farol da Barra.

Finalmente, a bacia NÃO É UM “RIFT” como definida pela Petrobras. Bem como a falha que a limita na borda leste NÃO É UMA FALHA NORMAL, MAS REVERSA. O não entendimento destes pontos é crucial para a correta exploração da bacia cuja produção definha a cada dia, assunto que abordaremos em capitulo apropriado.


TECTONISMO NA AMÉRICA DO SUL

  • O Oceano Atlântico é o exemplo clássico do que deve ser chamado de “RIFT”. A bacia abriu-se simetricamente a partir da linha vulcânica ao centro da mesma, subaéreamente a grande altitude, como resultado da explosão de energia concentrada no núcleo do planeta que marcou o fim do período Epsiloniano.
  • A velocidade da separação foi maior ao principio do fenômeno na parte sul do supercontinente e menor para o norte, o que se constata pela medição das distancias de regiões homologas existentes entre os dois continentes.
  • A energia ou a força do fenômeno foi máxima no inicio do mesmo. Atualmente a tendência é a quiescência, ou o fim do tectonismo na Terra indicado pela diminuição, tanto da frequência como da potencia dos abalos sísmicos, vulcanismo e movimentos continentais, como por exemplo, o afogamento da costa leste da América do Sul.
  • O mergulho da Placa de Nazca, por baixo do continente Americano do Sul, provoca o abismo oceânico a oeste do mesmo continente até a altura dos 320 – 360S, quando começa a se tornar subaéreo, e parte da América do Sul, onde fica o território do Chile. Este fenômeno prejudica a Argentina, que perdeu metade do seu território, afogado que foi pelo Oceano Atlântico e recoberto pela Formação Lambda, ainda em sedimentação.
  • Os continentes Americano do Sul, Africano e Antártico foram separados pelo mesmo “RIFT”, o Rift Atlântico, que no Oceano Pacifico toma o nome Rift de Nazca, e cuja ramificação situada entre a África e a Antártica ainda não foi nomeada.

As conclusões sobre o tectonismo da América do Sul são fruto de viagens turísticas e não de mapeamento geológico. Este é um trabalho para as gerações mais jovens, os geólogos do futuro. Estão em jogo muitas riquezas ainda desconhecidas.